Acabei de ler o livro "Marley e Eu" de John Grogan. Escusado será dizer que ri-me às gargalhadas e chorei que nem uma perdida! Acho que é preciso termos cães em casa para nos apercebermos das coisas que ele escreve. "Humm, já vi isto nalgum lugar!" :D Tivemos 3 cadelas que já foram para um cantinho no Céu dos Cães. A Helga foi a primeira a chegar lá a casa. Rafeirinha, preta. Ofereceu-me a minha tia e quando a minha mãe a viu fez logo as perguntas do costume: Vais cuidar dela? Dar de comer? Limpar xixis e cócós? Eu claro que disse que sim, mas digamos que acabou por não ser bem assim. Era super-apegada às pessoas e estava sempre a pedinchar por umas palmadinhas na cabeça e umas festas na barriga. Como fazia a minha irmã a imitar a Mafaldinha: Pat, pat, pat. Num Natal recebi a Yusky, uma Husky Siberiana branca e de olhos azuis. Era mais independente, mas não deixava de ser mimada como todas. A última a chegar foi a Lola. Uma Basset Hound que a minha irmã recebeu para os anos. De morrer a rir só para olhar para a figura dela, aqueles olhos "pingões", aquelas orelhas enormes e aquelas patinhas gordas e minúsculas. Assim era a nossa família. O meu pai o único macho e 6 fêmeas a chatear-lhe o juízo. Os anos foram passando e elas foram envelhecendo. Companheiras de brincadeiras e de cumplicidades, começaram a ficar velhinhas, velhinhas. Pêlos brancos, audição fraquinha e visão turva. A descrição do Marley no fim da sua vida, lembra-me a Helga, por isso chorei tanto. Quase não se aguentava de pé, doía-lhe tudo, mas não se queixava. Olhava para nós com aqueles olhos grandes, como que a pedir desculpa, cada vez que fazia xixi e não sentia. Ficava empapada e lá andávamos nós a limpar o seu rabinho molhado e a trocar de mantas por baixo do seu corpo. Chegou um dia em que caíu na cozinha e jogada contra a parede não se conseguia levantar. Estavamos eu, a minha irmã e a minha mãe lá. As três a chorar, sabíamos qual a decisão a ser tomada. Com a Yusky, tal como Marley, devido aos tumores que tinha, sujeitar-lhe a uma operação e a uma recuperação dolorosa na idade avançada em que estava só iria ser mais doloroso para ela. Ligou-me a minha mãe, estava eu a trabalhar, e perguntou-me o que achava. Preferia que não sofresse mais. A Lola teve que ser operada a uma hérnia cervical que lhe tinha deixado tetraplégica e logo recuperou para paraplégica. Tínhamos uma equipa de 4 terapeutas só para ela. O meu pai ou a minha mãe sujeitavam-se a dormir na sala para de duas em duas horas virar o seu corpinho roliço e não ficasse com escaras. Depois eu e a minha irmã fazíamos sessões de fisioterapia, mexendo-lhe as patinhas e compramos-lhe uma piscina de bébé para exercitar os músculos. Chegou a andar de carrinho de jardineiro nas patas de trás, feliz e contente. As da frente faziam força e as de trás, apoiadas no carrinho com rodas, lá iam de arrastão. Essa morreu nos meus braços. Estava sozinha em casa e levei-a à rua para fazer xixi. Quando a voltei no cobertor para a arrastar para dentro de casa deu um último suspiro e lá ficou. Que desespero!! Sensação horrososa. Voltei para a sala e fiquei com ela ao meu lado até que chegassem os meus pais. Como diz o livro: "Tenho saudades (dele) de fazer doer cá dentro." Eles são os nossos melhores amigos, estão sempre à nossa espera e só querem uma festa como recompensa. "Um cão não julga os outros pela cor da pele, credo religioso ou classe social, mas sim por o que elas têm dentro de si mesmas. Um cão não se interessa em saber se somos ricos ou pobres, educados ou ileterados, burros ou inteligentes. Dêem-lhe o vosso coração e ele dar-vos-á o seu." Assim eram as nossas fattos, alegres, divertidas, brincalhonas e nossas amigas. Fizeram asneiras, como todos os cachorros, mas nem por levar um raspanete ou umas palmadas de vez em quando deixavam de estar ao nosso lado. Um dia, inclusive, a Helga mordeu a minha irmã, mas foi sem querer. A minha irmã apareceu por trás de repente e ela, como não se apercebeu, defendeu-se. Rasgou o lábio à Sofia. Nos dias seguintes andava sempre cabisbaixa como que a pedir desculpa pela grande asneira que tinha feito. Não foi por isso que deixaram de ser amigas. Como acredito em renovação de energias, pouco depois de ficarmos sem cães, deixaram-nos uma rafeirinha minúscula à porta de casa. Foi adoptada como Lucky. Depois um mestre, onde eu trabalhava, deu-me mais uma rafeirinha que ficou como Xica. E por fim, à porta de nossa casa, apareceu mais um rafeirinho, desta vez MACHO!, que se veio a chamar Sebastião. E voltou o ciclo de energia a estar completo. Desta vez com uma pequena alteração no género masculino. Sempre nos irritaram cães pequenos e agora temos três ratazanas a correr pela casa. Fazem-nos rir e ficar com os cabelos em pé cada vez que resolvem roer um móvel ou saltar para cima da mesa para roubar os restos de comida. Uma casa sem cães fica meia vazia. Falta movimento, algo para nos chamar a atenção e que nos venha receber aos saltos cada vez que chegamos a casa, como se estivéssemos estado 1 ano longe! As outras nunca serão esquecidas, mas cada um tem o seu lugar no nosso coração e no centro da nossa família.
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2 comentários:
Ai Sister fizeste-me chorar agora lol, tb chorei com o livro, mas acho que é normal, quem tem cães percebe o que estamos a dizer, sabes que vai haver o filme desse livro? :) Tinhamos 3 gordalhofas lindas e agora temos três "ratinhos" lindos (se bem que a Chica é grandota também ihih)
Kisses
não consegui ler tudo... snif!Ana ou Sílvia...
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